DANIEL CHIARETTI

Teorias da justiça em geral ocupam-se da estrutura básica doméstica de determinado Estado, sem um foco especial na justiça global. No entanto, questões ligadas à imigração já há alguns anos chamam a atenção da filosofia política em razão das dificuldades de acomodação desta temática dentro das teorias já estabelecidas. Neste sentido, também o republicanismo contemporâneo tem procurado dar uma resposta satisfatória do ponto de vista teórico ao tópico das migrações internacionais, em especial apátridas e fluxos de refugiados. Todavia, ao depender de uma concepção mais forte de cidadania e voltar-se às instituições domésticas da república, o republicanismo tem mais dificuldades em lidar com indivíduos que, em regra, não podem receber essa qualificação. A negativa de um status que permita a proteção contra a dominação pode, desta maneira, violar aspectos centrais do republicanismo contemporâneo. Desse modo, a pesquisa tem como escopo central investigar os limites da concepção tradicional de cidadania republicana para fins de garantia da não dominação. Nossa hipótese é que, para consolidar-se como uma alternativa ao liberalismo, o neorrepublicanismo não pode restringir ao cidadão.